Não faço ideia porque me fui lembrar disto hoje, mas cá vai...
Quando eu ainda era filha única e portanto filhinha do papá, houve um acontecimento no Natal desse ano que ficou para sempre na História da nossa família.
Estava a minha mãe a amassar a farinha para fazer filhoses e para que eu ficasse quietinha, deu-me um pedacito de massa para eu ir amassando e estar assim entretida. Ela esteve a tarde toda a amassar e estender filhoses, e eu sempre com o mesmo bocadinho de massa, que estendia e voltava a enrolar, emitando os gestos e a precisão da minha mãe.
Escusado será dizer que interrompi algumas vezes a operação culinária para ir tratar de outros afazeres e quando voltava, recomeçava onde tinha parado, na massa que, por essas alturas, já estava assim a modos que cinzenta escura... (conseguem imaginar, não conseguem?)
No final da noite, quando a minha mãe fritava as últimas filhoses, eu terminei a minha e insisti para que ela a fritasse também. Acedeu depois de uma birra da minha parte e do meu pai interceder por mim "deixa lá a cegonhinha fritar a filhós dela!". (o meu pai tratou-me por cegonha até muito tarde
)
A minha mãe fritou-a, eu cheia de orgulho, salpiquei-a de açúcar.
E o meu pai, em prova de amor desmesurada, comeu-a!!