A força que nós somos e temos
Ontem foi um dia duro.
Lidar com a morte da mulher de um amigo. Antes de tudo, saber se devia ligar ou não.
Porque nem toda a gente vive a morte da mesma maneira. Eu por exemplo, quando o meu marido morreu, queria era paz e sossego, que me deixassem com a minha dor, para eu a purgar ao meu ritmo.
Acabei por falar com uma amiga comum e ela lá se convenceu a ligar. Ligou-me de volta. Que ele estava inconsolável, e que tinha acabado por ir ter com ele.
Deixei passar mais um tempo e a consciência lá me ditou que apesar do momento difícil, eu teria mesmo de telefonar.
E assim que ele atendeu, desatámos os dois a chorar. Ele copiosamente, as palavras a atropelarem-se umas às outras, na ânsia de se convencer a continuar sem ela. O choro gutural a tentar cavar pelo meio das palavras, e a ausência, a incompreensão, a inconformidade.
Como se continua a partir dali? Como se ganha forças e coragem para levar mais um dia?
E apesar daquele ser o luto dele, de ser a dor dele, revivi tudo mais uma vez...