Adorei o Rwanda #1
Cheguei a Kigali e tinha pessoas à minha espera. Confesso que receei que não estando, o que faria. Nem sabia o hotel onde iria dormir! Aliás, pensava que seria em Kigali, quando na realidade foi em Huye. Bem vistas as coisas, apesar de serem 129km de distância, levámos quase 3 horas a chegar lá. Não que as estradas fossem más, mas de noite e sem linhas marcadas, foi mais complicado.
Foi-me explicado que o Ruanda é o país das mil colinas. Nada disso pude comprovar nesse dia. Comprovei sim a imensidão de estrelas que ali em pleno descampado e com o foco de luz mais próximo a algumas dezenas de quilómetros, a que assisti. Parecia que me engoliam. Não vou esquecer aquela sensação de imensidão tão cedo...
Cheguei finalmente ao meu hotel já tarde. Cheia de expectativas acerca do mesmo, da cama, das condições que teria. Logo ali, apesar de haver elevador (que nunca vi a funcionar, diga-se de passagem) tive de levar a mala grande por dois andares de escada acima. A rapariguita ofereceu-se mas ela era tão fininha que francamente me senti mal e disse que não, que a levaria eu. Raios m'a partam que ia morrendo por ali acima!!
Quarto. Respirei de alívio. Mas a rapariga abriu-me a porta, indicou-me as garrafas de água (que colocavam religiosamente no quarto e casa de banho todos os dias) e ia-se pôr na alheta. Ei!!! Onde vais???? Tive de a chamar. Como se fazia a cama??
É porque quando cheguei, estava assim... (esta foto é de outro dia, já de dia) e eu não fazia a mínima ideia de como se montava a coisa. Na foto seguinte (cliquem na setinha), têm a cama como me deitei nela. Tão aconchegante!! Uma das melhores camas dos últimos tempos...
No dia seguinte, com a ansiedade, acordei bem cedo. Vesti o equipamento, e saí para correr um pouco e conhecer as redondezas. Tirei uma foto do alojamento para poder mostrar caso me perdesse (o que aconteceu ) e fui à descoberta!
Achei as pessoas muito amistosas, a cidade nova (depois saberia que o país é novo porque após o genocídio de 2004, quiseram reconstruir tudo e avançar), tudo limpo, as obras a avançarem rapidamente (durante a semana que lá estive eles construiram literalmente à mão um passeio de uma avenida com cerca de 1km, com mulheres também a trabalharem nas obras).
Durante a corrida, a verdade é que suscitei muita curiosidade. Seria assim durante toda a semana pois durante esses 8 dias apenas conheci mais duas pessoas brancas. As criancinhas, essas então, ficavam ficxadas a olhar para mim. Como se eu fosse algo do outro mundo (e era, realmente!). A verdade é que digam o que disserem, especialmente em situações excepcionais, o factor raça pode ser destrancar aproximações entre pessoas. Sem nada que o apontasse, acabámos por nos juntar às refeições no hotel, nalguns passeios e até em algumas cerimónias. Chegámos inclusivamente a procurar uma igreja onde a missa era dada em francês e aberta a estrangeiros....
No pequeno-almoço, percebi que ia ter dificuldades.
O médico tinha-me expressamente advertido que se não pudesse descascar, desembalar, aquecer, então esquecesse... Usei e abusei do chá, havia muita fruta... descascada - papaia, manga, melancia, melão, mas que tive de ignorar. Fiquei-me pela banana, maracujá e tamarino. Aliás eu que nunca gostei de maracujá, acabei por ficar fã!
Logo no segundo dia, preparei-me para o pior. Quando dei conta, tinha comido meia fatia de queijo cheddar (ou algo parecido) e só depois me lembrei das regras! Felizmente, não houve consequências!!
Confesso que a comida era bastante picante. De um picante diferente do que eu havia experimentado na Índia, mas ainda assim, bem picante.
(... continua)