Ainda o Salvador
Já não via o Festival da canção - o nacional ou o europeu há décadas. Quando era miúda, noite de Festival era noite de juntar a família à volta da televisão.
Depois crescemos, encontramos a nossa música e os nossos caminhos e o Festival é substituído por outras preferências. E portanto, desde a minha adolescência até hoje, nem notícias eu acompanhava. Desconhecia a questão das meias finais, dos países convidados (Austrália?), dos televotos.
Quando vi e ouvi a música aqui num dos blogs que acompanho, adorei a música. Não consegui fazer a ligação deste Salvador ao Salvador dos Ídolos, mas gostei do som, da musicalidade, do à-vontade que ele manifesta, da sua simplicidade no meio de tanta transparência, jogos de luzes, e coreografias. Ele prescindiu disso tudo para centrar o momento na voz e no sentimento.
Saber que a música passou incansavelmente na rádio da Islândia por exemplo, onde ninguém entende uma palavra do que é dito, mas apenas entendem o sentimento investido, é brutal! Aliás por essa Europa fora e mundo fora, (porque recebi mensagens do whatsapp de amigos americanos a elogiar a música), muita gente ficou rendida à música, à simplicidade da melodia e da interpretação.
E deixo alguns comentários de gente da nossa praça:
"Salvador Sobral tem talento de sobra, carisma e uma personalidade mais do que bem definida. Para seu grande azar, acresce ainda o facto de parecer um tipo culto e com bom gosto. É por isso bastante revelador e previsível que num mundo de fenómenos descartáveis, esta mistura seja difícil de digerir, mas felizmente, isso passa ao lado de quem sabe para onde aponta. Caramba, como é difícil gostar do peixe que vive fora do cardume."
Bruno Nogueira
"O Salvador canta como se toda a música dependesse dele. Cada canção é um tudo ou nada."
Miguel Esteves Cardoso