Chegar atrasado e as divagações de um jovem de 19 anos
Tenho andado com uma nota para um post no meu telemóvel desde o final de Maio - ainda antes de ir para Roma. Tomei nota rapidamente do que registei, depois de me ter sido dado a ler um diário conjunto que dois jovens fizeram durante uma viagem. Não bisbilhotei nada, foi por insistência deles que passei os olhos e li algumas partes.
E se no início do diário, as entradas eram sobretudo sobre a viagem, a páginas tantas começou a ser sobre pessoas que encontravam e a sua forma de viver, até que a parte da interiorização que acontece sempre em cada viagem, começou a ganhar forma.
Ora o David há dias falou nesta questão do atraso. E claro que me veio logo à memória aquele trecho do diário que li. Confesso que se ainda me recordo do texto, foi porque me impressionou como um jovem que escreve daquela forma, que consegue dar corpo a qualquer tema, se podia ver como desinteressante.
O seu texto era uma reflexão sobre o facto de chegar atrasado a todo o lado. E as palavras eram mais ou menos estas:
Chegar atrasado faz-me sentir especial porque sendo um dos últimos, poderei ter novidades e serei eu mesmo a novidade. Para além disso, quanto mais cedo chegar, mais cedo me tornarei desinteressante.
E fiquei a pensar nisso, no facto de recebermos sempre efusivamente os que chegam atrasados e das dúvidas e inseguranças que podem atolar personalidades que supostamente nos parecem tão vibrantes.