India #2
Vou reservar este post à Comida, uma parte muito importante da viagem, tendo em conta que mais de metade das pessoas que viajam para a Índia adoecem.
Confesso que fui um bocado a medo porque o meu antecessor do ano passado sofreu bastante e esteve inclusivamente hospitalizado 5 dias com E-coli.
Fiz minha Consulta do Viajante, li atentamente as dicas da Travellight, e lá fui de esperança e receio na mala.
Nos primeiros dias, tomei religiosamente os medicamentos para o estômago antes e depois das refeições, já que por vezes precisava do sos para náuseas e ajudar à digestão.
Ainda para mais, soube depois à conversa com os meus novos amigos, que em Delhi é o local do país onde se come mais picante. Usam e abusam do óleo picante em tudo o que é comida. De tal maneira que nos primeiros dias eu acabava as refeições de olhos marejados de água, tal era o desgosto . E se eu gosto de picante!
Na segunda metade da minha viagem já terminava as refeições apenas com os lábios, interiores das bochechas e língua dormentes... bom, não é? Só que não: já que dificulta um bocadinho a conversa e o riso
A nível dos ingredientes não senti muitas dificuldades já que os indianos almoçam sempre vegetariano (o que resolvia metade das minhas refeições), e mesmo ao jantar, têm sempre uma opção mais light e se jantávamos no hotel, havia inclusivamente uma opção europeia (exemplo: cannellonis recheados com espinafre e ricotta, mas versão picante, claro!).
Aprendi rapidamente que me devia socorrer do arroz e do molho de iogurte mas suas diversas versões, como atenuante do picante. Claro que o pão nan ajuda e é super-saboroso!!
Como podem verificar, não se foge muito ao caril. Nestas fotos de uma recepção que tivemos num Ministério, podem verificar que havia caril de lentilhas, de carne, de borrego, de quadrados de queijo e de vegetais. Tudo hiper picante, claro e esta foi a única vez em que sofri um pouco no dia seguinte...
E depois ocorreu-me que quando um indiano vai ao outro lado do mundo, deve achar a nossa comida muito deslavada...
Esta é a parte das sobremesas.
Gulag Jamun, Gajar Halwa foram as duas que mais gostei. As gulag são as bolinhas com a calda que depois podem ver como eram por dentro, numa das fotos seguintes. O arroz doce tem claro, muito cardamomo, muitas especiarias e mesmo os bolos e biscoitos são de especiarias. Também provei o nosso equivalente a aletria, mas muito mais líquida.
Mesmo no local de trabalho comíamos o que vinha do hotel em doses individuais e portanto, eu comia à confiança já que estes hotéis de mais estrelas têm sempre cozinhas com padrões de higiene mais elevados. No dia no Ministério e depois no dia seguinte, foram as excepções a esta alimentação.
Beber, bebi sempre água engarrafada. Ao segundo dia percebi que eu era a única pessoa num universo de 50, que bebia a água do gargalo. E comecei com receios. Queres ver que...
Até que ganhei coragem e perguntei se não confiavam nas garrafas. E a explicação deixou-me completamente banzada. Desculpem mas nem me ocorre outra palavra...
Segundo eles, são um povo muito generoso e o facto de não colocarem a boca na garrafa é uma questão cultural e de boa educação. Porque alguém tiver sede, deveremos estar em condições de poder dar água a essa pessoa o que se torna impossível se já tivermos colocado a boca no gargalo. O mesmo com as colheres. Por isso muitas vezes os indianos comem com as mãos, para poderem dar comida a outrem, sem que a colher esteja com saliva da pessoa e portanto, suja. Colocam o arroz na mão, fazem uma bola e depois comem. Ou colocam o caril na palma encolhida, a fazer de colher... Esta ideia é simplesmente maravilhosa, se pensarmos na magnitude do gesto!
Podem seguir os Índia anteriores aqui: Índia #1