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happyness is everywhere

O Povo português é essencialmente cosmopolita. Nunca um verdadeiro Português foi português: foi sempre tudo. FP

happyness is everywhere

Índia #5 - final

E este será o último post sobre a Índia. Onde falarei um pouco das mulheres que conheci, do que me foi dito, do que vi. Para além disso deixei  a questão da espiritualidade para este último post, porque também me tocou muito.

As mulheres, por muito humildes que fossem, sempre as vi bem cuidadas, com aquele cabelo que tantos cuidados exige e a que elas tanto tempo dedicam. Mesmo as pessoas mais velhas têm cabelos brilhantes. Menos, é certo, mas brilhantes. 

 

Fiquei a conhecer os sinais distintivos que se colocam na testa. Eu achava que era exclusivo das mulheres, até que constatei que estava enganada. O uso dos tilak ou bindi tem dois significados. O primeiro, ligado à religião hindu, indica a busca pelo 'terceiro olho' ou o olho da sabedoria, e está portanto ligado à espiritualidade e à meditação. O segundo significado é social e é usado por mulheres casadas, em vermelho porque esta cor auspiciosa traz fortuna à casa da família. Hoje em dia, pode-se ver também como adereço em muitas solteiras. As mulheres mais modernas usam anéis nos dedos dos pés, como forma de mostrarem ser casadas.

Os homens usam esses pontos mais junto à raiz do cabelo (aliás muitas mulheres também), mas também vi no meio da testa. E são tanto mais visíveis, quanto mais profunda é a sua espiritualidade. Um pouco como o uso do turbante. 

 

De qualquer forma, a frase mais marcante que ouvi, foi que esse 'olho'  assinala que o verdadeiro mundo não é o mundo material, mas o espiritual

 

 A visão da Mulher na Índia está a mudar. Apesar das notícias que nos chegam, o que vi e me foi dito, foi que essa visão corresponde à geração dos pais ou dos avós. Hoje em dia, os casais mais jovens, abaixo dos 40), já têm uma relação diferente e as mulheres, um papel na sociedade. Conheci professoras, radialistas, investigadoras. O Festival da Mulher, como a foto mostra, é uma prova dessa mudança.

 

A mim, como chefe deles, e como mulher sábia (palavras deles), as pessoas que se tornaram mais chegadas, chamavam-me Sestshi (não sei como se escreve, escrevo como ouvia) e que significava irmã branca. Não senti nada durante o tempo que lá estive, senão respeito.

 

Apesar disso, claro que há homens que vêem a mulher como objecto. Como na nossa sociedade ainda existe também. E por isso a campanha que o governo lançou e se vê em muitos, muitos táxis, em situações de revista física (por exemplo hotéis e metro), em que se não houver uma fiscal, a mulher não é revistada. A título de exemplo, a Índia tem menos violações do que o Brasil...

 

Depois, a mulher mais velha é respeitada. Vi imensos casos em que os homens cumprimentavam a mulher tocando-lhe nos joelhos. Perguntei. Disseram-me que é a versão moderna de uma tradição milenar, em que tocar nos pés era um reconhecimento e um sinal de respeito pelos caminhos que já trilharam e sabedoria acumulados. Esse respeito traz bênção aos que tocam, já que essas pessoas recebem mantras de benevolência e vida longa vida, para além de ensinamentos. Não é bonito?

Depois, a questão das barrigas. Nós por cá temos algum pudor em mostrar a barriga depois de uma certa idade. Lá não, as barrigas andam destapadas, independentemente da idade e do peso 

 

E os indianos têm música no sangue. Dançam como nenhum outro povo. Qualquer pessoa tem, de forma inata, aquela forma deliciosa de mexer o corpo e as mão. Homens e mulheres.

 

Uma coisa muito desconcertante é a forma como dizem sim. Nos primeiros dias, eu ficava confusa com os sinais. Dava indicações, solicitava trabalhos e relatórios e como resposta recebia sorrisos e um balancear de cabeça que para mim significava não. Mas o sorriso não batia certo, e o trabalho aparecia feito. Perguntei. Nada como perguntar, não é?

Porque balançar a cabeça para mim, tanto podia dizer que sim ou que não. Têm o balanço como nós dizemos que não e têm o outro, que mexe a cabeça para a esquerda e para a direita, aproximando a cabeça dos ombros...Tive de começar a ver outros sinais, como a linguagem corporal, sorriso a acompanhar ou não, etc.... Porque do norte para o sul, o bandear de cabeça muda. E havia gente de toda a Índia, todos os Estados representados.

 

E para finalizar, o famoso Namasté.

Cumprimenta-se assim, independentemente da altura do dia. Há vários significados porque cada pessoa pode ter um deus diferente. Há o Deus do Sol, a Água, da Terra, do Ar, do Fogo e até do Sistema Solar. Cada um tem a sua crença. Que pode ser o que quiser. Muito universal, não é? Pode ser o Amor, o Homem... Por isso independentemente da religião todos se cumprimentam assim, porque toda a gente acredita nalguma coisa...

E o juntar as mãos com um leve inclinar da cabeça. tem um significado que achei lindo:

 

"O Deus que há em mim, cumprimenta o Deus que há em ti

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