Onde está o limite?
Na segunda-feira no avião fiquei na dúvida com uma situação.
Quando me sentei, estava lá uma rapariga que falava pelos cotovelos. Eram 6 da manhã, criaturas! Ninguém quer falar às 6h da manhã!!!
Felizmente a assistente de bordo veio perguntar se ela não se importava de mudar de lugar para que um adulto a viajar com uma criança pudessem seguir juntos. Ela acedeu.
A menina teria 5 anos, loira, muito simpática. A mãe, também bonita, mas sempre ríspida com ela. A sério, até tive pena da menina. Não podia dizer nada que a mãe lhe respondia torto.
Eu sentia-me esganada de fome, pelo que dormitei até começar a sentir o cheiro e ouvir o barulho do pequeno almoço. Quando acordei, ambas dormiam. A mãe ao meio com a cabeça a descansar na mesa e a menina, enrolada, à janela.
Comprei um croissant e um chocolate quente. Quando acabei o croissant, esperei pacientemente que o chocolate arrefecesse. E nisto vi que a menina olhava para mim. E começou a sussurrar em francês.
- Estavas a comer um croissant?
- Sim.
- Quem é que te deu?
- Foi a senhora. E aí pela resposta da menina, percebi que ela entendera que devia pedir 'à dame', porque me respondeu:
- Ela é a minha tia.
Fiquei sem saber o que fazer. A menina tinha fome, a tia dormia. Estive quase, quase a chamar os assistentes para comprar algo para ela comer. Mas depois pensei melhor. A tia tinha uma alcofa de verga onde poderia ter comida, a tia podia não achar piada nenhuma à minha intromissão, a menina podia ter alguma alergia que eu desconhecesse. Tantos ses que... optei por não fazer nada.
O que é certo é que a tia entretanto acordou, não tinha mesmo nada para comer na alcofa e mandou a menina esperar que saíssem do avião para comer.
Já pensei nesta situação para cima de uma dezena de vezes e em cada uma delas, teria agido de forma diferente. E vocês, que teriam feito?