Vulcão
Tenho um fascínio por vulcões.
Não apenas o aspecto físico mas o que está na sua origem, a sua força da natureza e a sua capacidade de arrefecer a terra. Porque um vulcão é isso. Os vulcões são uma espécie de válvula que liberta gases e magma. O facto de construirmos perto dele ou nos aventurarmos a ir até eles é apenas isso: um risco.
Já estive em diversos vulcões em diversos países. Já vi pessoalmente a destruição que a actividade de um vulcão pode fazer. Mas continuo fascinada por eles. Sou fascinada por vulcões assim como sou fascinada pelo mar. Ambos têm de ser respeitados e o proveito que tiramos deles, com conta e medida.
Mas da penúltima vez, não foi um vulcão que visitei, mas sim um que entrou sem ser convidado, na minha vida.
Tinha ido para o norte de França com escala por Paris, quando aquele vulcão islandês de nome impronunciável Eyjafjallajökul, resolveu libertar uns fumos e umas cinzas. Caso não saibam, as aeronaves não podem circular porque para além de reduzirem visibilidade, as cinzas podem entrar nas turbinas e parar os motores.
Cheguei a Paris e por uma unha negra, apanhei o último avião a sair do aeroporto. A seguir o aeroporto foi encerrado e assim permaneceu por quase uma semana. Na altura, só pensava como ir, já que ia a trabalho e tinha compromissos e pessoas que dependiam de mim. Mas o verdadeiro desafio foi para voltar. E sim, tive de voltar de carro, em longas horas de condução até ao aeroporto de Lisboa, onde tinha o meu carro estacionado.
Uns anos mais tarde, e por minha iniciativa voltei com o meu filho a um vulcão, nadámos nas águas aquecidas por ele, apanhámos algumas "pedra-polmes" que por ali boiavam e que ainda hoje servem de lixa para os pés na nossa casa de banho.